Falhar o planeamento é planear para falhar

Neste mês escolhi o tema planeamento!

E a frase que surge no título foi afirmada por Benjamim Franklin, um dos Pais Fundadores dos Estados Unidos, peça importante na sua Declaração de Independência, mas, mais do que isso, uma pessoa erudita que foi tipógrafo, editor, jornalista, escritor, político e diplomata, além de investigador científico no campo da eletricidade.

Podemos, pois, perceber a importância que o planeamento, a preparação prévia, assume, no contexto de todas as suas relevantes conquistas que lhe garantiram um papel na história dos Estados Unidos e não só.

Planear é, assim, um passo essencial para o arranque de qualquer projeto ou missão cujo sucesso desejamos. E o que é a nossa vida senão um grande projeto?

Por isso, neste início de ano tinha que abordar este assunto, mesmo porque, como vais ver, para além da sua pertinência temporal faz todo o sentido na fase em que, se me estas a ler, é provável que te encontres.

Se o teu objetivo fosse construir uma casa, certamente terias um plano de arquitetura, os projetos com as medidas corretas, as plantas com a distribuição dos espaços, etc. Já pensaste o que aconteceria se não houvesse este planeamento prévio?? Certamente um espaço sem as condições necessárias para o bem estar de quem lá mora, mal distribuída, desorganizada, que seria uma fonte de stress quotidiana. Então porque não fazer o mesmo no maior empreendimento que podemos construir que é a nossa felicidade?

Continuando com a analogia anterior, percebemos então que essa construção não pode ser feita de qualquer maneira. É preciso ser pensada, refletida, ordenada e faseada. Não começas a construir pelo telhado, certo?

E no planeamento irás prever todo o processo que se seguirá, o que é preciso executar e por que ordem.

Primeiro escolhes o local onde pretendes construir a tua casa. Verificas a orientação solar, a vizinhança, o ambiente que te rodeia. Depois, tens que limpar e terraplanar o terreno onde a vais implementar.

Alem de toda a rede de esgotos e eletricidade, terás depois que tratar da construção dos alicerces e cofragem onde vai assentar todo o peso da construção, garantindo uma base sólida que aguente as intempéries, permanecendo intacta.

De seguida, irás construir as paredes exteriores e dividir os ambientes interiores, deixando o espaço para as portas e janelas aproveitando a melhor exposição solar e zelando por um bom arejamento e circulação.

Por fim, e antes de embelezares e personalizares o seu interior, irás revestir e colocar o telhado para proteger toda a construção.

Apesar de simplista, esta analogia pretende que compreendas que é exatamente da mesma forma que deves planear para construir a tua felicidade.

Agora vou-te dar 3 passos que podes dar, a partir de AGORA, para que neste próximo ano te permitas ser mais feliz.

O primeiro passo é definir o teu, ou os teus objetivos: numa folha escreve todos os teus sonhos e desejos, tanto pessoais como profissionais. Seguidamente lê novamente o que escreveste e coloca numa segunda coluna aqueles que achas podes vir a concretizar no espaço deste ano. Pensa de forma realista e escreve-os da forma mais concreta e específica possível, seguindo o método SMART. Se não souberes o que é o método SMART, vai à minha página, no Facebook ou no Instagram em @agatacastrocom, onde eu falo exatamente sobre este método nas publicações deste mês.

E porque é que é importante adotar este método SMART na definição dos teus objetivos?

Porque cada objetivo não cumprido pode tornar-se fonte de frustrações e aumentar a tua propensão para a auto-sabotagem. Irás pensar que falhaste, que és incapaz, que nunca irás conseguir. E, em última análise, irás desistir e culpar-te interiormente pelo que não concretizaste, o que vai piorar o teu bem estar. Por outro lado, o fato de teres claro na tua mente as metas que queres alcançar permite que te libertes do stress e ansiedade que advém de não saberes para onde te diriges e que caminho seguir. E se assim o for não terás consciência do que tens que organizar e colocar em prática, ou seja, do que tens que executar para levares a construção da “tua casa” a bom porto.

O segundo passo é analisares os teus comportamentos habituais. Mais uma vez revê mentalmente e escreve numa folha de papel todos os teus hábitos e rotinas, mesmo os mais simples e insignificantes, como tomar um café quando acordas ou falar com a tua mãe às cinco da tarde.

Considera tudo o que fazes de forma natural e também o que fazes com esforço, como ir passear o cão todas as noites com um frio de rachar, ou ires àquela festa de aniversário do colega apesar de estares deprimida. E porque é importante ter consciência dos nossos hábitos, exatamente porque na maioria das vezes os executamos automaticamente, sem darmos por isso e muitas vezes sem saber sequer porque o fazemos.

E é esta última nuance que mais importa: “porque é que o fazemos”? Determinados comportamentos que temos não nos levam a avançar para o que queremos. Pelo contrário, afastam-nos. Portanto, nem todos os nossos hábitos são positivos. Alguns são desencadeados por gatilhos que temos que identificar, outros são formas mentais de nos organizarmos ou nos protegermos e o objetivo aqui é rever a nossa estratégia para lidarmos de forma diferente com certas situações.

Então, depois de teres listado TODOS os teus hábitos (pergunta a quem te rodeia porque podes ser surpreendida ao descobrir que fazes algo que nem te lembras, mas que os outros reparam), agora sim pensa em quais os hábitos que têm uma influência negativa no teu futuro, no teu bem estar e objetivos, na tua saúde, na tua carteira, etc. (tal como ver demasiada televisão, comprar artigos desnecessários por impulso, comer demasiados doces ao longo do dia, fugir de confrontos, fumar…). Coloca esses numa coluna de “Hábitos a evitar ou reduzir”.

Depois noutra coluna aqueles hábitos que te trazem felicidade ou que contribuem para te colocares mais próximo dos teus objetivos (como aprender um novo idioma, dizer que NÃO quando não queremos algo, viajar, praticar exercício físico). Agora, regressa à tua folha de objetivos e adiciona aos teus objetivos a troca dos maus por melhores hábitos e quantifica-os (tal como reduzir 2 cigarros por dia até Junho, ler mais 1 livro por mês sobre um tema relacionado com os teus sonhos, ou perder 6 Kg em 3 meses).

O terceiro passo é preparar o terreno e limpares a área onde vai assentar o teu projeto. Ou seja, remover todo o “lixo”, pedras, desníveis, raízes podres, etc. e começares a criar o espaço adequado para as fundações do teu empreendimento. Por limpeza estou a referir-me a tudo o que te impeça ou que obste à construção da tua felicidade, tal como negatividade, pessoas toxicas, falsos amigos, maus hábitos, rotinas erradas, etc. E troca-os por terreno limpo, plano e apto a receber a tua “casa” com bases sólidas e seguras: uma rede de suporte que te ajude a avançar, amigos fiéis, novos hábitos e rotinas saudáveis, pessoas entusiastas e positivas, pensamentos inspiradores e poderosos.

Lembra-te que pedir ajuda não é uma fraqueza, mas sim um ato corajoso em prol da tua felicidade. É possível que não gostes de reconhecer tal facto, pensando ser um peso para outros, não querendo te expor ou mostrar a tua vulnerabilidade. Sobretudo se, no teu caso, a fragilidade estiver mascarada por uma carapaça de força e estabilidade. Mas quando te estendem a mão com sinceridade, agarra-a.

Lidar sozinha com os desafios que enfrentamos diariamente nem sempre é fácil e deves poder contar com auxílio de quem te quer bem e te quer ajudar (mas atenção a quem, sob a capa de te querer ajudar acaba por te condicionar e te oprimir, mesmo que inconscientemente).

No planeamento da vida que desejas, estes três passos de preparação prévia revelam-se cruciais para o teu sucesso e para atingires os objetivos que delineaste para ti, sejam eles grandes ou pequenos.

E ainda te deixo uma recomendação: de cada vez que sintas que a vontade te está a abandonar, que estás a vacilar e que te é dificil cumprir o que te comprometeste pensa que a pessoa que irás desiludir és tu própria.

Este planeamento é um acordo íntimo, um compromisso contigo mesma. As consequências de seguires ou não o teu plano irão ter um determinado efeito na tua vida, seja ele positivo ou negativo. Não permitas que a tua mente invente desculpas, não mintas para ti própria. Nessas alturas, e antes de te arriscares a não cumprir com o que planeaste, faz uma pausa. Inspira e expira contando até 10. Faz isso 5 vezes. Isso permite-te relaxar o corpo e a mente, tomar consciência do que é realmente importante para ti e voltar a entrar nos eixos. Se és adepta de meditação, recolhe-te e reorganiza-te mental e emocionalmente, durante 5 minutos.

Não te esqueças que o que sentimos é o que é ditado pela nossa mente, e esta é como um musculo. No início doi. Não vais querer sair da tua bolha, que apesar de já estar pequena e ser desconfortável ainda assim é o que conheces e por isso tendes a não querer romper com ela e dar um passo lá fora.

A tua mente vai procurar rejeitar o que a incomoda, mas insistindo progressivamente irá aliviar as tuas dores, fortalecer as tuas emoções e ficarás mais apta a lidar com os desafios e os obstáculos.

O que te custa hoje poderás fazer sem dificuldade amanhã.