Quantas vezes já ouviste dizer “não partilho dos mesmos valores daquela pessoa”? Todos nós ouvimos falar em valores, mas na prática, o que são concretamente valores? E quais as consequências de partilhar ou não os mesmos valores? E o que fazer para que outras pessoas, mesmo que adotem valores diferentes, respeitem os nossos?
É sobre isso mesmo que irei falar neste artigo.
O que são
Em linhas gerais, os valores são um sistema de crenças ou conceitos que servem de bússola - orientam e fundamentam as decisões e ações dos indivíduos, contribuindo para a preservação da sua identidade pessoal e subsistência dos padrões individuais e coletivos.
Apesar de sabermos que nem todos se guiam pelos mesmos valores é muito importante mantermos coerência com o que acreditamos ao mesmo tempo que respeitamos os valores dos outros. Desta forma, contribuímos para um mundo mais harmonioso e melhor para todos nós.
Todos os nossos valores representam as nossas respostas à realidade, no plano cognitivo, individual e social, preenchendo desta forma determinadas necessidades universais, com forte interligação com o plano da Moral e a Ética que atuam como pressupostos gerais e inquestionáveis. Amor, solidariedade, amizade, integridade são alguns valores entre tantos outros que fazem parte destas respostas.
Sabemos que existem determinadas estruturas que, ao longo da vida, desempenham um papel preponderante para construirmos os nossos valores individuais. Entre eles encontram-se a escola, a família, as relações de amizade, o emprego. Estes micro sistemas marcam e pautam a nossa atitude, pensamento e comportamento ao longo do nosso percurso, conduzindo a que repliquemos e adotemos determinados valores ou, pelo contrário, nos distanciemos deles, conforme a experiência de vida de cada um.
Como se formam os valores
Durante a nossa vida vamos hierarquizando os nossos valores, dependendo da etapa em que estamos e das realidades que vamos experimentando. Assim, a importância que atribuímos a cada um dos nossos valores reflete a nossa personalidade no momento dependendo do significado que atribuímos às nossas experiências de vida e aos contextos sociais, familiares e culturais em que estamos inseridos. Então podemos concluir que, diferentes valores podem, ou não, ganhar relevância em momentos distintos, sendo, por isso, flexíveis o suficiente para nos permitir adaptar ao que vivemos.
Alguns estudos sugerem que existem diferenças entre homens e mulheres na tendência para perseguir determinados valores e o mesmo acontece consoante as idades, o que pode fazer sentido tendo em conta os estímulos e pressões distintas a que somos submetidos ao longo da vida e perante as quais desenvolvemos diferentes estratégias de adaptação cognitivas e emocionais em função das quais adotamos motivações e interesses particulares.
A etapa da infância e da adolescência por exemplo é muito permeável à absorção de determinados padrões comportamentais inspirados em valores, pelo que é necessário que nesta idade se perceba a necessidade de filtrar tais influências.
Muito haveria a dizer sobre este tema, mas independentemente do género, faixa etária e experiência de vida, sabemos distinguir alguns princípios mistos que se traduzem em valores coletivos e humanos essenciais para o nosso bem estar e sobrevivência, enquanto ser individual e ser social.
Porque são importantes os nossos valores
Como parte integrante dos tais micro sistemas como a família, o trabalho e a escola somos forçados a interagir com outras pessoas que nem sempre têm os mesmos valores que nós.
O ditado “não faças aos outros aquilo que não gostas que te façam a ti” por exemplo, significa que deves te comportar face aos outros tal como queres que se comportem contigo. E aqui surgem valores essenciais como o respeito, a honestidade, a justiça, a confiança, etc.
E isto é importante, não só porque os valores aproximam ou distanciam pessoas, sendo responsáveis também pelos níveis de conflito e autonomia dentro de cada comunidade, consoante existe identificação ou não com os valores vigentes, como também porque agir em conformidade ou não com os nossos valores nos afetam emocionalmente positiva ou negativamente.
Por exemplo, quando és obrigada a fazer algo que não está alinhado com os teus valores regra geral a tua atitude é negativa desencadeando sentimentos de frustração e sofrimento, por outro lado quando fazes algo de acordo com os teus valores reforças os teus sentimentos de felicidade e autenticidade.
Claro que nem todos temos os mesmos valores e para cada um de nós, eles são legítimos apesar de discordantes. Mas quando existe respeito pelos valores universais existe auxílio e cooperação. O nosso equilíbrio, enquanto indivíduos e enquanto sociedade vem do respeito pelas diferenças e pela responsabilidade inerente à nossa atitude e comportamentos. Uma sociedade sem valores é uma sociedade sem futuro e o mesmo se pode dizer de cada pessoa em particular.
Como defender os nossos valores
Se enfrentas, ou enfrentaste já, situações em que precisaste de defender os teus valores ou em que percebeste que estes foram desrespeitados compreende que o problema pode não ser propriamente teu, mas sim do outro.
O que acontece muitas vezes é que muitos de nós adotamos valores egoístas, ajustando os valores aos nossos interesses pessoais e aos nossos desejos imediatos e é nessa altura em que pode surgir o desrespeito por valores que entram em choque com os nossos interesses, fazendo com que as relações que existem enfraqueçam e se deteriorem e os níveis de conflito aumentem podendo inclusivamente escalar para a violência levando invariavelmente ao colapso dos relacionamentos.
A problemática dos valores revela que é necessária uma transformação anterior para eliminar crenças negativas enraizadas e limitadoras e encontrar o seu equilíbrio interior. Se tens alguem que constantemente desrespeita os teus valores é porque esse alguem está vazio, perdeu os seus valores positivos regendo-se por valores que visam apenas o seu prazer, poder ou gratificação pessoal. Essa pessoa não se importa contigo ou o que tu pensas, mas sim apenas com a satisfação dos seus desejos particulares, custe o que custar.
No íntimo, essa pessoa orienta as suas decisões e atitudes por razões egoístas e manipuladoras, quebrando o equilíbrio dos valores essenciais e do respeito mútuo que são necessários para que relações saudáveis floresçam e se mantenham harmonicamente e essa rutura leva a sentimentos e emoções desgastantes, como culpa, peso na consciência, maldade e sofrimento.
Conclusão
Devíamos pensar nisto, 365 dias por ano.
Mas provavelmente 99% das pessoas refletem sobre estas questões apenas em determinados momentos da vida. Épocas de guerra e doenças infligem medo e o resgate de certos princípios que se destinam a fortalecer os valores universais, tais como a coragem, a paz, a compaixão, a dignidade, a justiça, a solidariedade. E nestes momentos conta-se também o Natal que é, por exemplo, uma época em que se tenta regressar aos valores tradicionais e familiares (muitas vezes sem êxito devido ao excesso do consumismo praticado nessa altura).
É também nestas ocasiões que exigem mais de nós próprias, nomeadamente na viragem para um novo ano, que muita gente se sente perdida, só, desgastada e sem esperança.
Já orientei muitas clientes com crises de valores que afetavam significativamente o seu bem estar emocional por isso sei que a ajuda de um profissional é importante nesse processo e que o recurso a técnicas adequadas permitem abrir caminho para um melhor alinhamento e equilíbrio interno.
Se conduzíssemos sempre todos os nossos comportamentos de acordo com os valores universais e menos por valores pessoais e egoístas, certamente o mundo seria muito melhor.
Por isso deixo-te uma reflexão sobre, em que medida as tuas atitudes e as atitudes de quem te rodeia, vão au encontro ou, pelo contrário, se distanciam destes valores? Que experiências ou histórias de vida enfraqueceram, modificaram ou fortaleceram os teus valores?
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